23 de fev. de 2010

E O QUE EU FAÇO COM ESSA MULHER NO CHÃO?

Estou escrevendo para relatar algo que aconteceu hoje e que me deixou muito indignada.
Ao meio dia fui com meu pai à sede da Prefeitura de Criciúma resolver uns problemas burocráticos. Estava muito calor e na parte térrea do prédio não há ar-condicionado. Não havia muitas pessoas e procuramos logo um lugar pra sentar e esperar nossa senha ser chamada. Foi então que ouvi um barulho, olhei pra trás e vi uma mulher caída ao chão. Em segundos todas as pessoas que estavam por ali rodeavam a mulher. O segurança tentou colocá-la sentada e ela caiu de novo e começou a dizer, ou tentar dizer, porque nessa hora ela tremia e parecia até estar tendo uma convulsão, que o coração estava doendo: “Ai meu coração!”, dizia ela. Eu de pronto peguei o celular e liguei para o 192 (SAMU) que imagino nessas horas ser o serviço mais apropriado para se ligar, e qual a minha surpresa quando a atendente me responde: “As duas ambulâncias que temos que atende Criciúma estão quebradas, não podemos fazer nada” e eu ainda pergunto: “E o que eu faço com essa moça aqui caída ao chão?” Mas não ouço resposta do outro lado da linha, só silêncio. Então meu pai começou a ligar para 193 (Corpo de Bombeiros) e a linha estava sempre ocupada. Nesse meio tempo um senhor abanava a moça caída sem parar e foram chamar alguém do Departamento da Saúde, como se as pessoas que trabalham na Secretaria da Saúde fossem obrigadas a saber lidar com essa situação. Que eu saiba elas só precisam fazer o concurso público da prefeitura. Meu pai continuava tentando ligar para o Corpo de Bombeiros. Ele fez 36, sim eu disse 36 tentativas e não conseguiu a ligação pelo 193. De repente chegou uma ambulância do mesmo Corpo de Bombeiros, aí me pergunto se na Prefeitura eles tem um outro número além do 193 ou se alguém que estava lá conseguiu completar a chamada que meu pai não conseguiu em 36 tentativas, e fizeram os primeiros socorros e tudo que deveria ser feito.
Não sei relatar o desfecho da situação pois me ausentei do local. Mas eu fico me perguntando se um lugar público, onde tantas pessoas circulam não deveria ter uma equipe treinada de primeiros socorros? E por que uma cidade como Criciúma, com quase 200mil habitantes tem apenas duas ambulâncias de SAMU e as duas estão quebradas? O que eu posso fazer então se eu, você ou alguém do seu lado passar mal no meio da rua ou até na minha própria casa?
Escrevi para que divulguem, para que os devidos órgãos tomem alguma providência em relação as ambulâncias, as linhas de atendimento de emergência e a atenção com a sociedade.
Obrigada,
Daniela Estevam

Enviei esta carta via email para um Jornal e uma Rádio influentes da cidade. Torço para que divulguem para que os responsáveis façam algo e que a população não pague mais pelo descaso destas pessoas.

2 comentários:

Milena Estevam disse...

NOssa Daya, sabe que eu ate choro lendo isso. Nao pela mulher no chao, mas pelo fato de aki em Londres qualquer servico de emergencia chega ate o necessitado em 5 min!Eh o limite de tempo que o servico de emergencia daqui tem como padrao. Seja um medico de moto, de carro ou de helicopitero. Alguem chega ate vc em 5 minutos!E todos os predios/empresas publicas ou nao publicas tem funcionarios treinados em primeiro socorros, por lei. A tua historinha Me faz chorar de tristeza...Quero tanto voltar a morar no Brasil, mas qdo penso em tudo isso...a vontade passa rapidinho...

Unknown disse...

Daya, é sempre triste uma história que já é triste. Muito mais triste e tocante é quando presenciamos o fato. Imagine em regiões mais pobres, desorganizadas (se é que há), etc e etc. O problema de negligência, falta de estrutura, desorganização, no entanto, não é ''privilégio'' da PMC ou mesmo do Brasil. Observo que, em diferentes graus e formas, a negligência acontece no Haiti, no Brasil ou mesmo na Inglaterra, vide caso-filme Jean Charles. Sem dúvida, o homem da cidade, o homem moderno, precisa repensar seu espaço, seu tempo e sua atuação como ser social. Mais que governos, mais que políticos, os seres precisam agir e pensar de outra forma. Ainda não sabemos qual. Mas sabemos, definitivamente, que, nowadays, ser humano é triste.