Tenho saudades de quando eu achava que sabia o que queria. Quando eu achava que, pelo menos uma boa parte da minha vida, aquela que a gente imagina na infância/adolescência; de se formar, trabalhar, namorar, casar e ter uma linda casinha com flores, filhos e um cachorro, já estava resolvida. Tinha uma segurança falsa. Mas para mim, na época, era uma segurança.
Vem os problemas e por algum motivo que talvez não seja o mais importante, mas somado à todos os outros, o chão desaba numa cratera obscura. Tentar ficar em pé parece fundamental para não cair junto com o chão.
Por meses fui tentando ficar de pé. Escorregava, voltava, escorregava, voltava. Até que consegui, por mim mesma, manter-me em linha reta e não mais cair.
Mas o equilíbrio é sem dúvida a parte mais difícil de se aprender na vida. Muitas coisas podem afetar esse equilíbrio e te fazer cambalear ou até mesmo cair. Depois de um ano e meio equilibrada, eis que surge algo tentando me fazer cair. Gritando "Saia desse equilíbrio! Caia e viva um pouco mais suas emoções!"
Não que não se viva emoções quando se está equilibrada, mas ao tombar da corda bamba o frio na espinha é instantâneo e nunca se sabe o que estará lá embaixo.
Me sinto perdida. Muitas vezes querendo descer por mim mesma, muitas vezes querendo me agarrar a qualquer ponto que me traga a segurança de volta para de jeito nenhum me deixar cair.
Os hormônios não me ajudam, as músicas não me ajudam e a corda balançando a todo momento também não me ajuda, muito pelo contrário. Me faz rever o tempo em que escorregava. Me faz pensar nesse tempo em que fiquei de pé. Me faz ter náuseas, dor no estômago, tonturas repentinas e também alguma felicidade. Essa vem ao saber que quando cair, alguém estará lá pra me ajudar a ficar de pé. Alguém amortecerá minha queda. Mas nem sempre essa certeza aparece. Ela vem e vai de uma maneira tão sutil, que as vezes fico me perguntando se ela realmente esteve lá, se por acaso, no meu desespero, imaginei-a segurando minha mão.
Por enquanto me seguro naqueles pequenos pontos de segurança. Mas me sinto zonza, cambaleando e com medo de cair.