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2 de ago. de 2011

José


E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio  e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?



Carlos Drummond de Andrade


6 de mai. de 2011

fale com ela

Ainda não terminei de ler o livro, mas confesso que estou com um pouco de preguiça.
O livro é na verdade um apanhado da coluna da autora na Folha de SP. Reúne perguntas (daquelas que leitores mandam pra possíveis terapeutas) em que eles sonham que com uma resposta tudo esteja solucionado. É bem escrito, mas é fraco (isso é o meu ponto de vista, ok?) Porque não me interesso em saber "Namoro há 2 anos com um cara em NY. Moro em SP e nunca nos vimos, só nos falamos por internet. Agora ele quer me ver e tenho medo que a magia acabe. O que posso fazer?" Tenha dó. Gente doente que quer se tratar via tirinha de psicoterapeuta de jornal...não. Pra mim não serviu.
Se alguém estiver interessado, eu empresto.

4 de mai. de 2011

o apanhador no campo de centeio


"- Você conhece aquela cantiga: "Se alguém agarra alguém atravessando o campo de centeio"? Eu queria...
- A cantiga é "Se alguém encontra alguém atravessando o campo de centeio"! - ela disse. - É dum poema do Robert Burns.
- Eu sei que é dum poema do Robert Burns.
Mas ela tinha razão. É mesmo "Se alguém encontra alguém atravessando o campo de centeio". Mas eu não sabia direito.
- Pensei que era "Se alguém agarra alguém" - falei. - Seja lá como for, fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo. Milhares de garotinhos, e ninguém por perto - quer dizer, ninguém grande - a não ser eu. E eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o quê que eu tenho de fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso
que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no campo de centeio e tudo. Sei que é maluquice, mas é a única coisa que eu queria fazer. Sei que é maluquice."

(O Apanhador no Campo de Centeio - J.D. Salinger.)

27 de abr. de 2011

fale com ela

Comprei um livro hoje. O título é "Fale com ela"
Não, não é um romance ao qual se baseia o filme do Almodóvar. Quem assina o livro é Betty Milan.
Fiquei curiosa pelas frases que vem na orelha do livro.
"O amor é subversivo"
"Ninguém escolhe ser gay"
"Quem não diz não nunca diz sim"
"Sexo só é bom quando não é obrigado"

e por aí vai...
Parece que são crônicas da coluna da autora na Folha de SP.
Vou lê-lo, depois eu conto aqui.